O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou na última terça-feira, dia 19, que o percentual de bio-diesel no litro do óleo diesel vendido no país passará dos 12% atuais para 14% a partir de março de 2024. Ainda segundo o ministro, o cronograma também foi antecipado para o chamado “B15”, ou seja, para a meta de misturar 15% de biodiesel no diesel combustível. O patamar será implementado em 2025, e não mais em 2026. “De B12 para B14, a partir de março. E o B15, em 2025”, explicou o ministro.
Desde agosto, havia uma movimentação para antecipar o cronograma. O incentivo para ampliar o uso do biodiesel vinha sendo a queda do preço da soja no mercado global. O aumento do percentual do biocombustível é melhor para o meio ambiente, mas tende a encarecer o litro do óleo diesel na bomba.
No início deste ano, o Brasil trabalhava com o diesel B10 – 10% de biodiesel em cada litro. O patamar atual, de 12%, está em vigor desde abril. Em 2024, no entanto, termina a isenção de impostos sobre os combustíveis – o que deve elevar os preços para o consumidor final. “Hoje, nós ampliamos a participação do biodiesel, ainda mais, na nossa matriz. E isso tem dois efeitos: primeiro, diminui a nossa dependência de importação de óleo diesel. Segundo, ajuda a descarbonizar, já que a ANP vem avançando muito na certificação da qualidade dos biocombustíveis. E terceiro, e muito importante, é a gente estimular nossa agricultura nacional”, disse o ministro Alexandre Silveira.
Ele informou também que o Conselho de Política Energética aprovou a criação de um grupo de trabalho para debater a possibilidade de o Brasil importar biodiesel para a mistura de combustíveis. Em novembro, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) regulamentou essa possibilidade, que até então era proibida. Cada distribuidor ficou autorizado a importar até 20% do total de biodiesel que utiliza para fazer a mistura enviada às bombas (hoje, no patamar de 12% por litro).
Segundo Silveira, no entanto, a importação adicional só será liberada ao fim dos estudos desse grupo. Ou seja, a autorização da ANP fica suspensa. “Deliberamos também, é fundamental, em criar um grupo de trabalho para estudar os impactos da importação aprovada pela ANP. Enquanto ele não conclua essa sua missão, nós ficamos com as importações no status quo, no estado de hoje. E o Brasil continua defendendo o conteúdo local, o biodiesel nacional”, disse.
A possibilidade de importar biodiesel, segundo produtores locais, gera risco à cadeia nacional do biocombustível.