Com o aumento dos materiais de construção e o reajuste dos salários dos trabalhadores do setor, devido ao aquecimento do mercado imobiliário, essa elevação dos custos poderá ser repassada aos preços finais dos imóveis novos nos próximos meses. Os materiais de construção tiveram reajuste de 5,48% nos últimos 12 meses até setembro. Há um ano, o percentual era de 3,21%. Já o custo da mão de obra subiu 7,7% no mesmo período, enquanto a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 4,42% em 12 meses até setembro.
De acordo com um relatório do banco de investimentos Itaú BBA, o aumento gradual dos preços dos materiais de construção pode impactar principalmente as companhias que constroem para clientes de baixa renda, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) — que responde por quase 50% das vendas de imóveis novos.
Um dos problemas, segundo os analistas do Itaú, é que os custos seguem crescendo mesmo após as construtoras fixarem seus preços de venda. Isso ocorre, em parte, porque boa parte dos preços dos materiais segue as cotações internacionais do minério de ferro, do alumínio e do aço.
Como as cotações são em dólar, o custo sobe sempre que a taxa de câmbio avança, explicou Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).