A promessa do governo de reduzir as contas de luz em 3,5% não se concretizou e deve gerar um benefício global de apenas 0,02% aos consumidores. A medida foi anunciada em abril deste ano. O Ministério de Minas e Energia esperava abater as contas em 3,5% ao antecipar verbas para as distribuidoras pagarem dois empréstimos tomados em anos anteriores: a chamada “Conta Covid”, que cobriu custos extras durante a pandemia; e a chamada “Conta Escassez Hídrica”, criada para enfrentar os custos da crise hídrica de 2021.
Nos dois casos, os encargos desses empréstimos vinham sendo repassados às contas de luz dos brasileiros. Para pagar os valores, o governo antecipou depósitos feitos pela Eletrobras na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – um encargo pago por todos os consumidores, e que tem crescido nos últimos anos.
O Ministério de Minas e Energia conseguiu antecipar R$ 7,8 bilhões, o suficiente para pagar a maior parte dos cerca de R$ 9 bilhões devidos pelas distribuidoras. Agora, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) calculou que o benefício seria de R$ 46,5 milhões — o que representa um desconto de 0,02% na conta de luz. O cálculo final da economia para os consumidores seria então de R$ 46,5 milhões: quase 91% menor que o anunciado pelo governo.