A paisagem do terreno às margens da Baía de Guanabara onde ficava o aterro sanitário de Jardim Gramacho está mudando. Antes, tomado por montanhas de lixo e urubus, a área, agora, está coberta por vegetação nativa. O terreno, que por 40 anos recebeu toneladas de lixo, está sendo recuperado com o plantio de 150 mil mudas de três tipos de mangue: o branco, o vermelho e o negro. O programa de reflorestamento e o manejo feitos no local já vêm apresentando sinais de recuperação.
A regeneração do ecossistema trouxe de volta aves como Maçarico, Colhereiro e Penrilongo, assim como diferentes espécies de caranguejos, como Uçá, Guaiamum e Aratu. Até mamíferos, como capitavas e gambás, são vistos com frequência, além de jacarés e jiboias. A área recuperada corresponde a 1,150 milhão de metros quadrados. Outros 200 mil metros quadrados ainda farão parte do programa.
O biólogo Mário Moscatelli, que presta consultoria para a Statled Brasil, empresa que desde 2020 faz a gestão do aterro, ressalta a importância das ações de recuperação ambiental para garantir condições mínimas de sobrevivência dos manguezais. “O ecossistema reage de forma admirável quando damos essas condições ao meio ambiente, mesmo nos piores cenários da Baía de Guanabara”, disse.
Ele reforça ainda o papel fundamental dos mangues, berçários da vida marinha e protetores da zona costeira. “Os manguezais combatem a erosão, melhoram a qualidade da água contaminada por esgoto e ainda possuem a capacidade de acumular, em média, 10 vezes mais carbono do que qualquer outro ecossistema. Ou seja, funciona como uma ferramenta natural no combate ao aquecimento global e a proteção da costa”, completou.